11/13/2006

Veja a íntegra da carta de demissão de Luiz Gushiken:

Meu caro Presidente e amigo Lula,

A memorável vitória neste segundo turno é, em grande parte, fruto de suas virtudes e talentos pessoais.

Somente uma liderança forjada em genuínas lutas emancipatórias e dirigindo um governo que tem compromisso com a justiça e a marca generosa da inclusão seria capaz de receber o significativo voto de confiança que lhe foi outorgado nas eleições.

No futuro, a história haverá de fazer o adequado registro desses avanços, dos momentosos acontecimentos, da força de sua autoridade e das conquistas civilizatórias de seu governo.

Estamos todos muito orgulhosos e honrados.

A sua reeleição significa um avanço no processo de identidade e autonomia política de grande parte da população mais humilde deste País que historicamente estiveram sujeitas à manipulação e a uma postura de subordinação. E, ao contrário de divisão, este desenvolvimento da auto-estima e a consciência de autonomia dos excluídos fortalecem o País como nação verdadeiramente integrada.

A meu ver, este é o fator que contribuirá decisivamente para que o ambiente beligerante que marcou a disputa eleitoral venha a ceder espaços para que o País esteja unido na busca por maior progresso e justiça social para o nosso povo.

Mas não devemos nos esquecer das lições da crise política deflagrada há dois anos. Esta experiência impõe na agenda uma profunda reforma política e a contínua modernização institucional, como forma de possibilitar maior transparência das atividades públicas e menor suscetibilidade do aparelho estatal às vicissitudes éticas inerentes ao jogo da política. Estes são, segundo penso, os positivos efeitos de purificação daquele processo.

Por outro lado, os aspectos deletérios daquela crise também não podem ser esquecidos. Na voragem das denúncias abalou-se um dos pilares do Estado de Direito, o da presunção de inocência, uma vez que a mera acusação foi transformada no equivalente à prova de culpa.

Com base nesse preceito execrável buscou-se destruir reputações. O clima político-eleitoral envenenado pela maledicência turvou o ambiente, contaminou as percepções e estabeleceu juízos distorcidos.

Naquela conjuntura, em julho de 2005, fiz questão de ser destituído da condição de Ministro para que, em meio à crise política que se instalara, pudesse responder às acusações e evitar que as inúmeras ilações feitas contra minha conduta prejudicassem o governo. A elucidação dos fatos tem sido a luta incansável que travo, desde então, em defesa de minha honra.

Nos foros adequados tenho apresentado a minha defesa e as provas documentais da correção de minha conduta. Estou absolutamente tranqüilo que, no exame sereno e fiel dos fatos, restará provada, de forma cabal e definitiva, a minha integridade pessoal, bem como a dos funcionários da Secom.

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