3/27/2011

Um dia Triste que ficará esquecido.


Amigos torcedores(as)

Os últimos dias têm trazido para a pauta de todos os Sorocabanos uma intensa e fervilhosa discussão sobre episódios que abarcam nosso querido São Bento de Sorocaba e sua participação no campeonato paulista da A2. O clube que tem uma das mais importantes bandeiras do desporto Paulista quase centenária de importância e de credibilidade institucional envolve a paixão de uma cidade inteira... Esse sentimento que segundo sua codificação faz imaginar que aqueles que o carregam têm super poderes, onde nada pode abalar, ou ferir... Tem força de deixar que o medo se esconda e que a aparente coragem se manifeste... Mostra que somos capazes de tudo sem nos amedrontar com a opinião dos outros, anaboliza forças para qualquer embate, torna a emoção do momento em uma posição particular dirigida que é só nossa que precisa ser defendida a todo o custo.Acho que todos um dia já ouviram dizer que: “Futebol, Religião e Política não se discutem”mais isso é praticamente impossível. Mesmo não tendo sido inventado por nós o futebol meus amigos é com certeza algo que esta no DNA de todos os brasileiros, quando os ingleses imaginaram esse esporte, tenho certeza que não tinham a idéia de que estavam criando o maior entretenimento da atualidade e um dos mais controversos em sentimentos também. Quando envolvidos por esta paixão chamada futebol temos testada nossa saúde cardíaca e emocional ao extremo emtoda a movimentação que ela proporciona e também de tudo a que ela co-relaciona, uma verdadeira montanha russa de sentimentos difusos. Torcedores nas arquibancadas do CIC armam as equipes, criam táticas e estratégias, viram todos dirigentes, técnicos, preparadores, médicos enfim se tornam detentores de todos os cargos em um time de futebol profissional, no caso em questão nosso São Bento. O futebol é capaz de despertar emoções parecidas em toda sorte de pessoas, independente de gênero, etnia, credo e classe social. Inclusive com a tradicional tendência ao exagero e à euforia desenfreada do antagonismo quando o time vai bem ou não. Agora imagine como lidar com isso na condição em que nosso time se encontra hoje na zona de rebaixamento combinadas com toda a pressão por resultados aliada a falta de elementos básicos que não preciso nem elencar quais são, pois o torcedor do azulão sabe do que falo. É preciso primeiro conhecer os bastidores para falar qualquer coisa que não seja de apoio ao clube, é necessário saber o quanto é difícil tocar um time quase sem apoio. Assim entendo que os exageros não se justificam e são condenáveis, dificuldades enfrentadas não são desculpas e muito menos escape em discurso para encobertar qualquer ato falho. Mesmo sendo difícil, a sensatez e o equilíbrio têm que ser protagonista na interlocução com qualquer que seja a pessoa em tudo que se trata sobre nosso clube. Felizmente nem tudo é turvo no horizonte de nosso clube a de se levar em conta e potencializar o desdobramento positivo com a consideração do erro assumido para correção futura. A coragem e hombridade do Presidente Luis Manenti em reconhecer o que fez e tornar publica a condição de buscar ajuda para um equilíbrio maior no trato as questões que envolvem sua conduta quanto à pressão que sofre, é digna de aplauso. Para uma figura publica como a dele Presidente de um clube dos mais tradicionais do estado, mostra a todos o comprometimento de assumir o ônus sem se esconder das responsabilidades que a função lhe atribui, pois maior que qualquer cargo é a instituição do EC São Bento. Tal atitude mostra grandeza e respeito não só a bandeira da instituição mais também o compromisso que ao cargo que lhe foi atribuído. Mesmo isso lhe custando muito em todos os sentidos, vivemos um momento difícil onde as forças quase se mínguam diante de todos os problemas que temos passado ao longo do campeonato mais uma coisa é certa o São Bento é grande em paixão, respeito e fidelidade as coisas vão mudar e todo o registro de dificuldades vai ficar na historia para ser lembrado no futuro prospero que ainda vamos ter, pois que tem passado, tem futuro, é o nosso será de vitorias .

Serginho Cardoso

EC São Bento

3/26/2011

Buscam conflitos que não existem entre os dois, talvez na esperança de levar Dilma a trilhar caminhos que Lula não seguiu, sempre favoráveis ao modelo por eles defendido, de aumentar o poder da iniciativa privada em detrimento do poder do Estado.Conseguiram algum sucesso, mesmo inócuo, nas diferenças de concepção na política externa, apenas um ensaio geral para levar a presidente a mergulhar nas brumas do neoliberalismo ultrapassado. Festejaram a redução nos gastos públicos, de resto uma necessidade para qualquer ideologia, mas apenas como preliminar para diminuírem a presença do governo na economia. Vão quebrar a cara.As mais variadas acrobacias têm sido apresentadas pelas elites financeiras e seus porta-vozes na imprensa para tentar demonstrar que o Lula era uma coisa e Dilma, outra coisa. Estão certíssimos, mas a malandragem vem em seguida, quando procuram estabelecer o confronto entre o antecessor e a sucessora. Buscam conflitos que não existem entre os dois, talvez na esperança de levar Dilma a trilhar caminhos que Lula não seguiu, sempre favoráveis ao modelo por eles defendido, de aumentar o poder da iniciativa privada em detrimento do poder do Estado.

Pelo jeito, Dilma está prevenida, tanto diante da tentativa de intrigá-la com o Lula quanto com a ilusão de fazê-la retroceder aos tempos de Fernando Henrique e companhia. Foi por isso que Henrique Meirelles limpou suas gavetas no Banco Central, vestindo meias e chuteiras para cuidar da Copa do Mundo de 2014.De vez em quando, é bom dar um freio de arrumação nas fantasias das elites financeiras. Um deles está para acontecer. Ainda neste mês, a presidente irá a Portugal exclusivamente para prestigiar as homenagens prestadas a Lula, na Universidade de Coimbra e na Assembleia Nacional, assim como continuará diminuindo a influência das agências reguladoras e insistindo em enquadrar nos limites da Petrobras as atividades no Pré-Sal. Sem esquecer do controle na política de geração de energia e nos respectivos investimentos. Como, de lambuja, cortando as asas da Vale em tudo o que contrarie as diretrizes de governo. Quem sabe os bancos não percam por esperar, supondo-se a iminência de iniciativas capazes de reduzir seus lucros escandalosos?

3/22/2011

Dilma & Obama


Não foi um mero encontro entre estadistas a visita que o presidente dos Estados Unidos (EUA), Barack Obama, a Dilma Rousseff, no fim de semana. A reunião vai muito além do simples protocolo de boas relações diplomáticas. Além disso, não foi por acaso que o americano programou que o encontro ocorresse justamente agora, quando ambos os países precisam blindar suas moedas e ficar de olhos bem abertos para o desfecho que o tsunami japonês poderá contabilizar pelo planeta. Mais do que nunca, é preciso que os chefes de governo passem a somar, e não dividir, para consolidar seus próprios interesses na economia, que, mais uma vez, corre perigo.Cenário da tragédia, o Japão está colecionando, dia após dia, o vermelho também em sua economia. As montadoras, para citar apenas um exemplo, são a bola da vez. A indústria automobilística nipônica está acionando o painel de alarme, como a Toyota, que suspendeu a operação de suas 12 unidades em solo japonês. Já a Honda interrompeu toda a produção no país, a exemplo do que ocorre também com a Nissan. O clima é de ansiedade, como demonstrou Tom Byrne, executivo da Moody: “As consequências econômicas parecem ser maiores do que a gente esperava no início”.O que se constata é que a economia dos EUA, da China e da Europa pode sofrer abalos, como em um efeito dominó, a partir das perdas também econômicas presenciadas no Japão. A estimativa dos especialistas é que os japoneses terão de aplicar 15 trilhões de ienes (cerca de US$ 180 bilhões) na reconstrução de sua infraestrutura. Os prejuízos diretos e indiretos causados pelo terremoto e pelo tsunami podem superar em 50% os danos causados pelo tremor que destruiu a cidade de Kobe, em 1995, e representam 3% do PIB do país. Os japoneses, sempre de olhos fechados, estão abrindo-os diante da situação, que não é nada fácil, muito pelo contrário. Um exemplo bem claro disso foi sinalizado pelo Banco do Japão (BOJ) – o equivalente ao Banco Central brasileiro –, que ampliou na segunda-feira passada sua injeção de liquidez de urgência para o recorde de 15 trilhões de ienes (cerca de R$ 304 bilhões ou US$ 60 bilhões), a maior da história.

Dessa forma, com o crédito liberado, a expectativa é que o programa de compra de ativos, ao se injetar recursos no mercado diário, viabilize a manutenção do iene estável diante da moeda americana. A estimativa apontada pelos economistas é que a queda menor do PIB japonês (0,5%) poderia causar um impacto bem inferior ao que estava previsto. Já com relação à inflação global, prevalece um clima de otimismo em um cenário de curto prazo, com a desaceleração do crescimento econômico em nível mundial, o que contribuiria bastante para a redução da pressão inflacionária, como aconteceu com a queda dos preços do petróleo.Apesar da crença nacional de que Deus é brasileiro, a economia do Brasil já está pronta para contabilizar prejuízos depois do desastre no Japão, isso porque o terremoto asiático causará abalos e oscilações também por aqui. Um exemplo deve ser a perda na exportação de minérios, um insumo básico para a siderurgia, e o Brasil ocupa a segunda posição no ranking de exportação de aço no mundo. No ano passado, as exportações brasileiras para o Japão foram de US$ 7,140 bilhões, e foi justamente o minério de ferro que contribuiu para esse total, com 45,8%, o equivalente a US$ 3,271 bilhões, de acordo com informações registradas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

A geopolítica na América Latina tem um forte componente para a atual gestão mundial. Seguindo a cartilha das relações internacionais americanas, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, optou por visitar apenas o Brasil e o Chile. Países que ele pretende apresentar como exemplos de consolidação de transição democrática a ser seguidos pelos países árabes. Trata-se de uma estratégia da Casa Branca para cooptar os líderes do Oriente Médio e do Norte da África para despertar neles, finalmente, a necessidade de implantar regimes democráticos em seus governos, acabando com os déspotas, a exemplo do ditador da Líbia, Muammar Kadafi.A propósito da visita de Obama ao Brasil, Daniel Restrepo, conselheiro-adjunto de Segurança Nacional do governo americano para Assuntos Hemisféricos, fez um pronunciamento, no qual mencionou inclusive o passado de Dilma Rousseff na guerrilha, sua prisão e tortura pelo regime militar brasileiro nos anos de chumbo: “A presidente Rousseff representa, por si mesma, o sucesso de transição democrática brasileira”. Diante de tudo isso, o presidente Obama incluiu o assunto em sua agenda no encontro , porque está determinado a contribuir para que os ditadores não continuem ocupando tanto espaço no mundo árabe.

O ambiente para a conversa dos dois presidentes neste fim de semana foi pavimentado. O próprio chanceler brasileiro, Antônio Patriota, em encontro com sua colega americana, Hillary Clinton, afirmou que o governo brasileiro está disposto a cooperar no processo democrático nos países árabes, quando esteve com ela em fevereiro. O desembarque do presidente americano em Brasília poderá proporcionar a retomada das boas relações entre os dois países, depois do curto-circuito causado pelo voto brasileiro contrário às sanções ao Irã no Conselho de Segurança da ONU, em maio do ano passado.

No Palácio do Planalto e no Itamaraty, antes do desembarque do presidente americano, o clima era de cautela sobre os resultados da visita, como, por exemplo, o apoio americano ao Brasil em um órgão da ONU. A Casa Branca sinalizou que os EUA não se comprometeriam a dar esse apoio para assegurar a representação brasileira, como ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. A Casa Branca argumentou que já tinha contribuído muito com o país para ocupar maior espaço na política global. Na quinta-feira, os americanos ressaltaram que o governo de Barack Obama fez pressão, com sucesso, para que países como o Brasil tivessem um papel maior nos assuntos econômicos internacionais. Segundo a Casa Branca, Obama também defendeu com determinação que o G-20 se tornasse o principal foro de cooperação.

Agora, resta ao país aguardar para saber o que trouxe o homem mais poderoso do mundo para uma visita ao Brasil.

3/21/2011

NEM TODA TECNOLOGIA DO MUNDO FOI CAPAZ DE PREVENIR OS ESTRAGOS E SALVAR AS VÍTIMAS DO TERREMOTO E DO TSUNAMI NO JAPÃO.

NEM TODA CIÊNCIA SERÁ SUFICIENTE PARA CONTER OS EFEITOS NOCIVOS DAS USINAS ATÔMICAS QUE EXPLODIRAM SOB OS IMPACTOS DA NATUREZA.

OS NÚMEROS DA TRAGÉDIA NO JAPÃO SÃO IMPACTANTES E DÃO A EXATA DIMENSÃO DAS PERDAS NO ARQUIPÉLAGO. PORÉM, A MAIOR AMEAÇA NÃO VEM DA NATUREZA, MAS DA USINA ATÔMICA DE FUKUSHIMA.

ENQUANTO OS 50 TÉCNICOS DE FUKUSHIMA TENTAM SALVAR MILHÕES DE VIDAS, OS DOIS PODEROSOS DO JAPÃO TENTAM FUGIR DA RAIA.

TECNOLOGIA X NATUREZA

Nem toda tecnologia do mundo foi capaz de prevenir os estragos e salvar as vítimas do terremoto e do tsunami no Japão. Nem toda ciência será suficiente para conter os efeitos nocivos das usinas atômicas que explodiram sob os impactos da natureza. Mais uma vez, os fenômenos naturais mostraram a sua força. Mais uma vez, o homem e todo o seu conhecimento mostraram sua fragilidade diante dos seus próprios experimentos. Existe uma grande diferença entre os impactos naturais e os impactos da ação humana. Os terremotos e tsunamis chegam, destroem e vão embora. As usinas atômicas, durante anos, emanam, silenciosa e sorrateiramente, radiações que contaminam o solo, o ar e as águas, penetrando nas entranhas dos seres vivos, matando aos poucos e indiscriminadamente, crianças, homens, mulheres e animais.

CHERNOBYL

Os impactos das usinas atômicas de Fukushima e Chernobyl são muito diferentes da força do tsunami que varreu a Tailândia em 2004. Passados seis anos, a Tailândia, apesar do trauma e das perdas, conseguiu reconstruir as áreas devastadas e reorganizar a vida social dos lugares afetados. Chernobyl, ao contrario, virou uma terra fantasma. Até hoje, passados 25 anos, constitui uma ameaça à vida. Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que 5.000 pessoas da região foram diagnosticadas com câncer de tiroide. Além disso, outras 9.000 pessoas apresentaram outros tipos de câncer. Chernobyl também é responsável por graves consequências sociais: a evacuação de 116 mil pessoas nas áreas próximas e outras 230 mil das zonas altamente contaminadas. São 346 mil pessoas que tiveram que abandonar suas casas, suas histórias e suas relações sociais, e ainda suportar, nos seus novos habitats, o estigma de serem chamadas de “contaminadas”.

FUKUSHIMA

Os números da tragédia no Japão são impactantes e dão a exata dimensão das perdas no arquipélago. Porém, a maior ameaça não vem da natureza, mas da usina atômica de Fukushima. Lá, 50 técnicos tentam evitar o derretimento de urânio de reatores danificados pelo terremoto. O temor de contaminação levou os moradores das cidades próximas a buscar refúgio em outras cidades. Entre os 800 funcionários da usina atômica, 750 foram retirados depois da explosão de hidrogênio no reator 2, do incêndio no reator 4 e das explosões nos reatores 1 e 3. Os “50 de Fukushima”, como vêm sendo chamados pela imprensa, trabalham usando roupas especiais, mas não estão livres dos riscos de contaminação. Enquanto 50 vidas tentam esfriar os reatores, o premiê Naoto Kan acusa a Tokyo Eletric Power Co., empresa responsável pela administração da usina. São 50 heróis tentando salvar milhões de vidas e dois poderosos tentando fugir da raia.

MAIS DE 439 USINAS NO MUNDO

Pesquisa do Internacional Atomic Energy Agency, publicada em 2004, mostra que o mundo tinha, em dezembro de 2003, um total de 439 reatores em operação e 31 em construção. Deste montante, 104 estariam localizados nos EUA, 59 na França, 53 no Japão e 30 na Rússia. Na época, estes reatores eram responsáveis por 16% da eletricidade do planeta. Atualmente, a França saltou de 53 para 58 reatores, que respondem por 75% da energia elétrica consumida no país. Na União Europeia, atualmente, existem 147 usinas nucleares operando em 13 dos 27 países do bloco.

IDEIAS ATÔMICAS

O episódio Fukushima despertou reações entre os líderes mundiais. Obama disse que as centrais nucleares do país são monitoradas de perto e aguentam impactos. Na França, o presidente Sarkozy descartou a possibilidade de abandonar a energia nuclear que, segundo ele, é mais barata e menos poluente. Somente na Alemanha, a premiê Angela Merkel decidiu fechar 7 dos seus 17 reatores. Enquanto isso, os “50 de Fukushima” estão sozinhos tentando solucionar um problema que, apesar de conhecerem bem, está fora de controle. Um controle que nenhum dos líderes mundiais pode afirmar ter. Até porque todos eles são líderes de países ameaçados por abalos sísmicos que podem afetar suas usinas num piscar de olhos.

ARROGÂNCIA

Enquanto os líderes mundiais se apressam em colocar panos quentes no problema e reafirmar a importância dos seus projetos nucleares, a humanidade se vê aterrorizada com os perigos da irradiação atômica e seus efeitos nefastos à vida. Hoje, o perigo está no Japão – assim como já esteve em 1945. Em 1986, o pavor aconteceu em Chernobyl. Há 25 anos, ele ocorreu nas ruas de Goiânia, por absoluta falta de prevenção e cuidado das autoridades. Fukushima está nos mostrando que mesmo uma nação madura, organizada e culta não está preparada para enfrentar um vazamento nuclear. A maior ameaça não vem da natureza. Ela vem da arrogância de interesses poderosos e pode contaminar o ar. Não tem cheiro, não tem cor e não tem forma, mas destrói e mata tudo ao seu redor.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

“Atualmente, mais de 5 milhões de pessoas vivem em zonas contaminadas com material radioativo. Muitas delas sofrem níveis elevados de ansiedade, sintomas físicos muito diferentes e sem explicação médica. Têm também uma saúde mais frágil em comparação com os habitantes de áreas não expostas à radiação”.


3/12/2011

Ser líder é uma questão de decisão!

Uma discussão sempre envolveu a área de desenvolvimento de líderes: eles nascem prontos ou podem ser criados? O termo “nascer pronto” não quer nos remeter a imaginar uma criança de 2 anos de idade liderando um protesto infantil pelos seus direitos e deveres na creche, devido a um lanchinho que não agradou.

Essa expressão enfatiza o que chamamos de talentos, uma aptidão natural que nos possibilita ser bem sucedido em determinada função, mesmo sem conseguir explicar a origem desta facilidade. Refiro-me àquela velha frase: “nossa, esse menino tem uma grande facilidade para desenhar. Como ele aprendeu isso?”

Portanto, um fato é indiscutível: existem pessoas com habilidades inatas para liderar. Mas isso não garante o sucesso como líder. Um talento só é útil quando transformado em competências mercado, ou seja, quando consegue aliar suas habilidades inatas às atitudes e conhecimentos necessários para conquistar resultados na área que almeja.

Habilidades podem e devem ser desenvolvidas

Eis uma ótima notícia! Mesmo que você não possua uma habilidade inata para realizar alguma atividade específica, é possível desenvolvê-la. Talvez você não consiga o mesmo êxito de alguém que possua esse dom natural, mas conseguirá desenvolver-se plenamente com esforço, dedicação e persistência.

Habilidades podem ser desperdiçadas

Não pense que somente porque você possui um talento especial não precisará desenvolver-se continuamente. Uma habilidade, se não aperfeiçoada constantemente, poderá ser desperdiçada e nunca ser utilizada com maestria.

Liderança não tem contraindicação

Independentemente da sua área de atuação, um ponto é indiscutível: você deve ser um líder! Não se restrinja ao conceito de liderar pessoas – uma das habilidades fundamentais da liderança. É importante também a capacidade de engajamento. Liderar é desfrutar de uma inquietação produtiva, é querer sempre mais!

A construção de um líder

Vimos que talento é importante, mas não é tudo. Vimos que mesmo que você não possua habilidades inatas para liderar, pode desenvolvê-las. Compreendido isso, podemos retomar o título deste artigo: Ser líder é uma questão de decisão!

Quer realmente tornar-se um líder? Então:

Decida entender e gostar de gente - Independentemente da sua profissão, tudo se resume ao ser humano e você precisará conhecê-lo, de fato, para prosperar em qualquer cenário do mundo corporativo. Invista em relacionamento!

Decida ser ambicioso – Liderar sem ambição é como ser um centroavante que não se importa em fazer gols. A principal missão de um líder é construir e engajar as pessoas em prol dos resultados. Um líder sem ambição constrói equipes mornas, sem ambição. Mas lembre-se: ambição é diferente de ganância.

Decida comunicar-se com maestria – A comunicação se faz presente a todo o momento, principalmente no externar dos nossos comportamentos. Um profissional que tem como um ponto forte a capacidade de comunicação consegue usar o poder da linguagem para potencializar o seu time em busca dos resultados organizacionais.

Decida ser multicultural – Um líder precisa dominar uma área de conhecimento, sem alienar-se das demais. Estar conectado, atento e, principalmente, preparar-se para as diversas áreas do conhecimento. E tão importante quanto o conhecimento técnico e comportamental é o investimento em cultura, em conhecimento não-perecível.

Decida se inovador – Na era da competitividade, o que vale é a inovação. E não estou me referindo a grandes inovações, mas, sim, na maneira criativa de como você pode fazer a mesma coisa de diversas formas, encantando e surpreendendo as pessoas ao seu redor.

Decida pensar estrategicamente – Um líder precisa ter uma capacidade incrível de tomada de decisão. Ninguém confiará um líder que fica “em cima do muro”. Pensar estrategicamente é pensar a longo prazo, concretizando ações que tragam resultados sustentáveis. Pensar estrategicamente é buscar novas fontes de informação para estar preparado às constantes mudanças do mundo corporativo.

Decida ser congruente – Liderar é uma questão de confiança. Confiança é uma questão de congruência. Como confiar em alguém incongruente, que tem comportamentos completamente diferentes de suas intenções? Liderar pelo exemplo é uma atitude fundamental para conquistar naturalmente o respeito e comprometimento de seus seguidores.

Por fim, decida ser líder e garanta a sua sustentabilidade no mundo corporativo.


*Alexandre Prates é especialista em liderança, desenvolvimento humano e performance organizacional.

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      3/09/2011

      Aquele que tem apenas passado, mas nenhum futuro,

      A fogueira das vaidades, que arde nos corações daqueles que se acham donos do universo, está longe de ser extinta pelo bom senso das pessoas de bem. As personalidades afeitas ao narcisismo, à soberba e ao preconceito, pela reputação que adquirem, alimentada pela mídia e pelo sucesso que conquistaram, tendem a se considerar seres humanos muito superiores à imensa multidão de anônimos de todo o mundo. Estes, por sua vez, acompanham sempre o exagero das celebridades, para quem não existem limites. É claro que um basta a este tipo de comportamento existe, e um exemplo disso foi produzido na terça-feira passada, quando o estilista britânico John Galliano, de 50 anos, que se estava no topo do sucesso em sua carreira, escorregou e viu o seu mundo ruir de forma irreparável. O jornal francês “Le Monde” divulgou que a grife Christian Dior, uma das mais respeitadas do mundo, demitiu no dia 1º de março o estilista John Galliano, por causa das suas “declarações e condutas profundamente ofensivas”. (veja vídeo)

      Do alto da sua posição de diretor criativo da maison desde 1996, Galliano caiu ao revelar o seu lado antissemita. O estilista foi acusado de racismo ao proferir vários insultos a um grupo no café “La Perle”, em Paris, fato atestado por um vídeo, gravado no fim de 2010. Sua posição na Christian Dior se tornou insustentável depois que a grife tomou conhecimento das imagens. No vídeo, Galliano declarou, embriagado: “Eu amo Hitler!”, uma frase obviamente infeliz. Dirigindo-se a várias pessoas, Galliano ainda vociferou: “pessoas como vocês estariam mortas hoje [se dependesse dele]. Suas mães, seus antepassados teriam sido mortos pelo gás”.

      Galliano cometeu um “suicídio” pessoal e profissional. Uma prova disso foi a declaração da atriz Natalie Portman, um dia depois de receber o Oscar por sua atuação em “Cine Negro”. A atriz, que é estrela de um perfume da Christian Dior, além de judia israelense, foi contundente: “Estou completamente chocada e enojada com o vídeo de John Galliano que veio à tona hoje. Tenho orgulho de ser judia e não quero ser associada a ele de jeito nenhum. Eu espero que esses comentários nos levem a refletir e agir para combater esses preconceitos, que vão contra tudo o que é belo”. Constrangida, a grife comunicou na terça-feira que o estilista já estava em processo de demissão,. Foi a gota que faltava para John Galliano sugar a sua dose de cicuta diante do mundo inteiro. O estilista, daqui por diante, terá de começar a leitura dos jornais pelo caderno de classificados, para procurar um improvável emprego, porque dificilmente o conseguirá.

      Já que, para a Dior, John Galliano é um morto-vivo, aquele que tem apenas passado, mas nenhum futuro, o que falará dele será uma autópsia midiática. De origem humilde, filho de um encanador inglês com uma espanhola, Galliano nasceu em Gibraltar, em 1960, formado pela concorrida “Saint Martin’s School of Art”, de Londres, de onde saíram estilistas como Alexander McQueen e Stella McCartney. Na quarta-feira, os amigos de Galliano agiram para interná-lo em uma clínica de reabilitação para viciados em álcool e drogas, mas, pelo jeito, a mídia já considera a sua morte profissional, como o “Le Monde”, que publica uma retrospectiva dos trabalhos do estilista.

      Ou seja, sua história nos jornais é hoje uma versão surrealista de quem foi sem nunca ter sido, o obituário de um estilista vivo.

      3/04/2011

      Ninguém põe o guiso no gato



      Já tinham discutido na véspera e mais conversavam sobre a necessidade de uma demonstração de inconformismo. Foi quando um deles encerrou as lamentações com uma pergunta: “e quem vai colocar o guiso no gato?”.

      Ninguém se apresentou. Logo depois, foram introduzidos no gabinete presidencial, congratulando-se todos, senão com o gato, ao menos com a chefe do governo. Faltou coragem, apesar da simpatia distribuída aos montes pela presidente da República, ao exaltar a lealdade das bancadas dos partidos que a apoiam, no caso pela votação do projeto do salário mínimo.

      Terça-feira, pouco antes das 11h da manhã, foram chegando à ante-sala da presidente Dilma os líderes dos partidos da base oficial. Senão revolta, havia insatisfação entre eles, por conta do corte de R$ 18 bilhões nas emendas individuais ao orçamento. Já tinham discutido na véspera e mais conversavam sobre a necessidade de uma demonstração de inconformismo. Foi quando um deles encerrou as lamentações com uma pergunta: “e quem vai colocar o guiso no gato?”.

      Ninguém se apresentou. Logo depois, foram introduzidos no gabinete presidencial, congratulando-se todos, senão com o gato, ao menos com a chefe do governo. Faltou coragem, apesar da simpatia distribuída aos montes pela presidente da República, ao exaltar a lealdade das bancadas dos partidos que a apoiam, no caso pela votação do projeto do salário mínimo. Faltou apenas o líder do PDT na Câmara, propositadamente não convidado, única voz que na semana passada insurgiu-se contra os baixos índices de reajuste para o salário mínimo.

      É assim que as coisas funcionam, quando se trata do relacionamento entre Executivo e Legislativo. Ainda mais no governo do gato. Os poderes são harmônicos e independentes, preceitua a Constituição, mas faltou ao constituinte de 1988 imaginação para acrescentar que funcionam sob a égide da caneta presidencial.

      Qualquer reclamação ostensiva diante dos cortes orçamentários poderia despertar consequências ainda piores para a classe político-parlamentar. Afinal, ainda sobraram R$ 2 bilhões para atender às emendas individuais. Alguns líderes poderão ser aquinhoados.


      3/01/2011

      A volta do Voto impresso

      A partir do ano de 2014, na contramão do processo crescente e globalizado da informatização, haverá o ressurgimento do voto impresso, nos termos do que diz a Lei 12.034, publicada em 29 de setembro de 2009, em seu artigo 5º, que alterou o Código Eleitoral, a Lei dos Partidos Políticos e a Lei das Eleições.

      Diz o referido artigo 5º da Lei 12.034 que, após haver a confirmação final do voto pelo eleitor, a urna eletrônica imprimirá um número único de identificação do voto associado à assinatura digital, o qual deverá ser depositado em local previamente lacrado. Vale dizer: realizada a escolha dos respectivos representantes pelo eleitor, por meio do voto digital, restará impresso um número que identificará o voto e o eleitor, o qual deverá ser colocado em local indicado.

      Embora date de 2009, poucas foram as manifestações de oposição acerca dessa norma, em especial o dispositivo invocado, que, sob minha ótica, além de afrontar o princípio constitucional do voto secreto (art. 14, CF), representa um enorme retrocesso no processo eletrônico eleitoral. Observe-se que o registro digital do voto foi introduzido em substituição ao voto impresso, em 2003, com a Lei 10.740, afastando ou reduzindo as dificuldades então existentes, como o alto custo de implementação, o retardo no processo de carga dos programas e a demora na apuração dos respectivos votos.

      Com a implementação do voto impresso, identificando o voto e seu eleitor, deixará de existir o necessário sigilo do voto, com consequências muito graves. A Procuradoria-Geral da República – instada pelo Colégio de Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais do país e legitimada na forma do que prevê o artigo 103 da Constituição Federal – ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o artigo 5º da Lei 12.034/2009, sob fundamento de que “a garantia da inviolabilidade do eleitor pressupõe a impossibilidade de existir, no exercício do voto, qualquer forma de identificação pessoal, a fim de que seja assegurada a liberdade de manifestação, evitando-se qualquer tipo de coação”.

      No processo, em que o advogado-geral da União defenderá o texto legal impugnado em tese, nos termos do que prevê o artigo 102, “I”, “a”, da Constituição Federal, cumpre ao órgão guardião desta, oportunamente, manifestar-se quanto à inconstitucionalidade invocada.

      A meu ver, não remanescem dúvidas quanto ao futuro desse dispositivo legal, a ser delineado pelo órgão máximo do Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal, que hoje se encontra com sua composição plena, ante a recente indicação de seu décimo primeiro ministro, Luiz Fux. Creio que se impõe a recusa a esse retorno ao voto impresso, assim como a inúmeras outras tentativas de afronta ao direito do eleitor à votação secreta.