7/24/2010

A vida imita a arte

Outro dia, um episódio do seriado "Medium", transmitido pela TV por assinatura, apresentou um dilema semelhante ao que se assiste hoje no trágico episódio do desaparecimento da ex-amante do goleiro Bruno.

A protagonista da série, uma detetive vivida pela atriz Patrícia Arquette, tinha certeza de que determinado personagem havia assassinado a namorada.

No entanto, não podia incriminá-lo, pois não se conseguia encontrar o cadáver da vítima.

O crime havia ocorrido em uma fazenda de criação de porcos que, em vão, foi toda vasculhada em busca do corpo da jovem.

Depois de muita interpretação de seus sonhos, a detetive - que têm visões reveladoras enquanto dorme - conseguiu desvendar o mistério.

A seu pedido, foram examinados os intestinos de alguns leitões da pocilga, nos quais foram encontrados traços do DNA da morta.

Conseguiu, assim, a prova final que faltava para colocar o assassino na cadeia.

No caso do goleiro Bruno, suspeita-se de que os cães do ex-policial "Bola" tenham comido pedaços do corpo de Eliza Samudio.

Um veterinário chegou a se oferecer para examinar os animais para ver se encontrava algum resquício de material humano. Sua ajuda foi rejeitada.

A polícia mineira alegou que o material a ser usado no exame (luminol) poderia fazer mal à saúde dos ferozes rotwaillers.

Não sei se no caso do seriado "Medium" foram usadas técnicas mais avançadas do que as de nossos peritos. Pode ser que o método exista apenas na imaginação do roteirista.

Afinal, suas histórias são baseadas em fatos surreais - a começar pelas vidências da protagonista.

Quando assisti ao tal episódio dos porcos, creditei a história a excessos da imaginação fértil e mórbida do escritor.

Até então, confesso, jamais havia imaginado uma forma tão horrorosa de se sumir com um cadáver.

Agora, vejo que estava enganado. Há gente, na vida real, mais fria e cruel do que os piores personagens da ficção.