3/04/2011

Ninguém põe o guiso no gato



Já tinham discutido na véspera e mais conversavam sobre a necessidade de uma demonstração de inconformismo. Foi quando um deles encerrou as lamentações com uma pergunta: “e quem vai colocar o guiso no gato?”.

Ninguém se apresentou. Logo depois, foram introduzidos no gabinete presidencial, congratulando-se todos, senão com o gato, ao menos com a chefe do governo. Faltou coragem, apesar da simpatia distribuída aos montes pela presidente da República, ao exaltar a lealdade das bancadas dos partidos que a apoiam, no caso pela votação do projeto do salário mínimo.

Terça-feira, pouco antes das 11h da manhã, foram chegando à ante-sala da presidente Dilma os líderes dos partidos da base oficial. Senão revolta, havia insatisfação entre eles, por conta do corte de R$ 18 bilhões nas emendas individuais ao orçamento. Já tinham discutido na véspera e mais conversavam sobre a necessidade de uma demonstração de inconformismo. Foi quando um deles encerrou as lamentações com uma pergunta: “e quem vai colocar o guiso no gato?”.

Ninguém se apresentou. Logo depois, foram introduzidos no gabinete presidencial, congratulando-se todos, senão com o gato, ao menos com a chefe do governo. Faltou coragem, apesar da simpatia distribuída aos montes pela presidente da República, ao exaltar a lealdade das bancadas dos partidos que a apoiam, no caso pela votação do projeto do salário mínimo. Faltou apenas o líder do PDT na Câmara, propositadamente não convidado, única voz que na semana passada insurgiu-se contra os baixos índices de reajuste para o salário mínimo.

É assim que as coisas funcionam, quando se trata do relacionamento entre Executivo e Legislativo. Ainda mais no governo do gato. Os poderes são harmônicos e independentes, preceitua a Constituição, mas faltou ao constituinte de 1988 imaginação para acrescentar que funcionam sob a égide da caneta presidencial.

Qualquer reclamação ostensiva diante dos cortes orçamentários poderia despertar consequências ainda piores para a classe político-parlamentar. Afinal, ainda sobraram R$ 2 bilhões para atender às emendas individuais. Alguns líderes poderão ser aquinhoados.


Nenhum comentário:

Postar um comentário