11/09/2006

UNIMED FINANCIA DEPUTADOS E CRIA "BANCADA MÉDICA"

A Unimed, empresa de planos de saúde e cooperativa de médicos, financiou, em São Paulo, a candidatura de 22 deputados - 14 federais e oito estaduais - nas eleições de outubro de 2006. A idéia, segundo a própria Unimed, é formar uma bancada política que apóie seu sistema de cooperativas médicas.

Dos 22 candidatos financiados, quatro foram eleitos deputados federais: Dr. Marco Aurelio Ubiali (PSB), Dr. Talmir Rodrigues (PV), Dr. Sergio Antonio Nechar (PV) e Arnaldo Jardim (PPS). Além disso, três deputados estaduais eleitos são da "bancada médica": Dr. Pedro Tobias (PSDB), Dr. Valdomiro Lopes (PSB) e Dr. Fausto Figueira (PT).

Dentre os deputados federais, Dr. Ubiali, que recebeu 84.175 votos, declarou que arrecadou R$ 275.418,27 para sua campanha. Desse valor, quase 65% vieram de doações da Unimed em duas remessas de R$ 79 mil e outra de R$ 20 mil.

Dr. Nechar, 42.173 votos, recebeu da Unimed, além de duas remessas de R$ 79 mil, uma terceira no valor de R$ 150 mil, e outras quatro da sucursal de Jaboticabal da cooperativa, no valor de R$ 35.255, totalizando um financiamento de mais de 70% do valor arrecadado pela campanha declarado ao TSE: R$ 513.581,58.

Para o Dr. Talmer Rodrigues, 60.407 votos, a Unimed foi a maior doadora individual, totalizando R$ 20 mil de um total de 79.549,39 - cerca de 25%.

A campanha milionária de Arnaldo Jardim recebeu da maior operadora de saúde da América Latina um montante de R$ 198 mil. Ele é o único candidato que obteve dinheiro da Unimed mas não é cooperado, nem médico. Atualmente deputado estadual de São Paulo, ele é autor da Lei de Incentivo ao Cooperativismo Paulista - que beneficia o sistema cooperativista da Unimed.

Os financiamentos a esses 22 candidatos foram feitos pelo Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Federação das Unimed do Estado de São Paulo, sob a justificativa de estarem eles "comprometidos com a defesa do cooperativismo, em especial do ramo de trabalho médico". O Núcleo foi criado em dezembro de 2003, juntamente de um fundo da Unimed para financiar as campanhas, com a função de montar bancadas políticas.

Dr. Ronaldo Nazar, coordenador do Núcleo, afirma: "Nós (médicos cooperados da Unimed) nos sentimos prejudicados tributariamente e o único jeito de rever essa injustiça é tendo voz na Assembléia estadual ou na Câmara Federal". Nazar se refere à bitributação sobre a Unimed, pela qual tanto os médicos cooperados como a própria cooperativa têm que pagar impostos.

"Nós não queremos absolutamente nada que nos priorize. Queremos esclarecer o que é uma cooperativa. Ele (deputado bancado pela Unimed) vive a vida política que quiser. Queremos o político cooperado sendo cooperativista, o partido ele escolhe e a política ele escolhe. O NAE é suprapartidário", completa Nazar. (FONTE SITE TERRA)


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