11/15/2006

Nesse contexto, não era fácil dar atenção a uma menina que, com 17 anos, não parecia preparada para passar temporadas de três ou quatro meses em países distantes como China, Turquia, México e Japão. Amigos reunidos ontem na saída do cemitério de Pirapora do Bom Jesus (Grande SP) contavam que, no México, Carol enfrentou falta de trabalho, foi abandonada pela agência e já não tinha dinheiro para comprar o tíquete de volta.Ali, foi "adotada" por sua última agência, a L'Equipe, que a enviou do México para o Japão. "A Carol chegou a fazer um catálogo para o (Giorgio) Armani, mas, pouco depois, a correspondente da agência lá me ligou dizendo que ela estava magra demais. Isso me pareceu preocupante vindo de uma profissional acostumada a lidar com modelos. Achamos melhor trazê-la de volta", conta a dona da L'Equipe, Lica Kohlrausch.Ali, foi "adotada" por sua última agência, a L'Equipe, que a enviou do México para o Japão. "A Carol chegou a fazer um catálogo para o (Giorgio) Armani, mas, pouco depois, a correspondente da agência lá me ligou dizendo que ela estava magra demais. Isso me pareceu preocupante vindo de uma profissional acostumada a lidar com modelos. Achamos melhor trazê-la de volta", conta a dona da L'Equipe, Lica Kohlrausch.A empresária diz que não percebeu, ao olhar para a menina na volta, nenhum sinal físico de anorexia. "Esses casos são mais raros do que se propaga. Eu tive apenas uma menina anoréxica, em 1986, e nunca mais." De acordo com a psicóloga Maria Beatriz Meirelles Leite, que há quatro anos presta serviço a agências de modelos como Ford e Marilyn, "cerca de 20% das meninas que chegam a ir para o hospital morrem".Ela explica que, quando a modelo chega ao psicanalista, já passou por um clínico e teve o Índice de Massa Corporal (IMC) aferido. "A essa altura, o indicado é uma terapia intensiva. O passo seguinte é convencer uma adolescente a freqüentar um psicólogo. A maioria sente vergonha, e existe um preconceito. Elas não querem se achar "doentes"."A mãe de Carol e amigos próximos dizem que a modelo chegou a ser atendida por especialistas e fez tratamento, mas resistia a aceitar que estava doente. "Ela não gostava se pedíamos que comesse. Quando comia, era pouco e, logo depois, entrava no banheiro", conta a prima Geise Strauss, 30, com quem Carol morava em suas temporadas no Brasil.Maçã e tomateNos últimos tempos, a modelo vomitava o (pouco) que comia. Quando se pergunta o que, exatamente, ela comia, a resposta de Geise é: "Ela gostava muito de maçã. Adorava tomates também".Difícil viver só disso, especialmente se ainda se tem de complementar o orçamento fazendo um bico à noite como promoter de boate, distribuindo panfletos para atrair frequentadores. "O que ela mais queria era me ajudar", conta Míriam, a mãe, que luta também com o recente diagnóstico do marido doente de Mal de Alzheimer.De acordo com o namorado de Carolina, o também modelo Bruno Setti, 19, a menina costumava dizer: "Passo por isso (distribuir folhetos) para ajudar minha mãe." Para a mãe de Bruno, Viviane Setti, 42, todas as modelos deveriam ser alertadas, pelas agências, do perigo da anorexia. "Uma empreiteira não se responsabiliza pelo empregado da obra que trabalha sem capacete?", compara.Viviane explica que não se trata de uma campanha contra as agências, mas a favor das modelos em uma tragédia recorrente. "Não há nada de glamouroso em um fim assim."
Detalhe: O IMC de carolina era 13.2.

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