10/27/2006

A VERDADE DO VOTO
A população, que meio enfastiada, observa os últimos movimentos, o esforço final de candidatos e coligações partidárias. Em geral, se a campanha eleitoral deste ano tiver uma marca, será esta a do debate político desqualificado, da ausência do confronto de propostas e idéias, dos votos mesclados de politicamente incompatíveis, isto sem falar da rigidez da legislação eleitoral e as dificuldades da Justiça Eleitoral em deter formas diversas de abuso do poder econômico e político.Em vários Estados da federação haverá eleições para os governos respectivos; no plano federal, o presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin terçarão espadas e lanças. As sondagens de opinião apontam o primeiro como favorito, mas certamente o páreo será duro justo porque nos maiores colégios eleitorais do país as incógnitas se acumulam: como votará o eleitorado paulista, que colocou Alckmin no segundo turno? Repetir-se-á a esmagadora votação que Lula obteve no primeiro turno nas Minas Gerais de um Aécio Neves que jura eterna fidelidade ao seu colega do PSDB? Ora, no primeiro turno ele, mineiramente, não quis correr risco e deixou que os votos dos mais de setecentos municípios das Alterosas desaguassem fartamente no bisaco do candidato Lula. Aliás, pelos tantos mimos que Minas Gerais recebeu, a impressão que dá é que Lula e Aécio são a casa e o botão; fala-se até da existência de acordo secreto entre eles, pelo qual na sucessão de Lula, em 2010 (caso se reeleja, claro), seria ele o candidato do Palácio do Planalto.Mineirices à parte, o susto inicial de Lula, logo que definida a realização do segundo turno, está cada vez mais esmaecido à custa de uma quase inexplicável escalada do petista nas pesquisas de opinião, enquanto a candidatura Alckmin, apesar da façanha de ter passado ao segundo turno, se mostra inerme, a patinar na lama que vem agressivamente jogando no seu adversário. Com efeito, o ex-governador de São Paulo não consegue passar credibilidade no que diz, deixando Lula na confortável posição de quem não tem concorrente. Isso está refletido plenamente na pesquisa do Ibope publicada pela Rede Globo de Televisão,aponta 62% para Lula contra 38% para Alckmin (votos válidos), projetando uma maioria de 24 pontos percentuais em favor do candidato governista, o que representa algo superior a 30 milhões de votos (o eleitorado do Brasil é oficialmente de 125.912.656). Se verazes esses números do Ibope, para Alckmin ganhar a eleição teria que tirar mais de 10 milhões de votos de Lula por dia (de 27 a 29 de outubro), Esse é o quadro que se apresenta a 3 dias da realização do segundo turno das eleições 2006. Ganhe quem ganhar, o que importa mesmo é que as instituições democráticas saiam fortalecidas. A esperança é a de que o novo desenho político que afinal resultar das eleições 2006 tenha reflexos positivos na vida da sociedade brasileira que, apesar dos percalços que enfrente sendo o Brasil uma potência emergente, já tem maturidade suficiente para definir seu próprio destino. Resta-nos aguardar o desfecho do dia 29.

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