7/28/2009

Eu Tenho Um Sonho




Martin Luther King foi um dos maiores oradores políticos do século XX. Seu estilo adaptou a oratória sacra das Igrejas negras do Sul dos EUA, com suas canções e diálogos entre o pastor e os fiéis, moveu uma nação na luta pela igualdade racial, na década de 60.Na Marcha sobre Washington, quando uma multidão de quase 1 milhão de pessoas reuniu-se em frente ao monumento a Lincoln, ele pronunciou o seu famoso discurso que para mim nunca fica velho.

"Eu tenho um sonho"

"Ainda que enfrentemos as dificuldades de hoje e de amanhã, eu tenho um sonho. Eu ainda tenho um sonho. Eu tenho um sonho no qual vejo que um dia esta nação se levantará e cumprirá o seu princípio mais importante: Nós acreditamos que estas verdades são auto-evidentes: que os homens são criados iguais pelo seu Criador. Eu tenho um sonho. Um sonho de que em algum dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos dos escravos e os filhos dos donos de escravos estarão sentados na mesa em que todos são irmãos. Eu tenho um sonho de que mesmo o estado de Mississipi, um estado intumescido com o calor da injustiça, será transformado num oásis de liberdade. Eu tenho um sonho de que um dia, cada vale será exaltado, cada colina e montanha será rebaixada, os lugares ásperos serão tornados suaves, os lugares de maldade serão tornados honestos, e a Glória do Senhor se revelará, e toda a carne a verá ao mesmo tempo. Esta é a nossa esperança. É com esta fé que retorno ao Sul. Com esta fé, estamos dispostos a trabalhar juntos, a rezar juntos, a lutar juntos, a ir para a cadeia juntos, e a nos levantarmos juntos em defesa da liberdade, sabendo que seremos livres algum dia. Este será o dia em que os filhos de Deus cantarão juntos: Meu país, doce terra de liberdade, para ti eu canto. Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos, de qualquer lado da montanha, que toque o sino da liberdade. Se a América quiser ser uma grande nação, então isto terá que se tornar verdadeiro. Que toque então o sino da liberdade.Quando permitirmos que toque o sino da liberdade, quando deixarmos que toque em qualquer cidadezinha de qualquer Estado estaremos preparados para nos erguer neste dia, e todos os filhos de Deus, brancos ou negros, judeus ou gentios, protestantes ou católicos, daremos as mãos para cantar uma antiga canção negra religiosa: `Enfim livres. Enfim livres. Graças ao Senhor todo poderoso. “Estamos livres enfim’”.

A multidão, ao fim do discurso, como que hipnotizada pela oratória pedia: "Sonha mais. Continua sonhando". E antes de se dispersar se pôs a cantar: "Nós vamos vencer (We shall overcome). Nós vamos vencer. Nós vamos vencer algum dia. No fundo do meu coração eu acredito que nós vamos vencer um dia". Difícil reproduzir o mesmo impacto da palavra falada com o texto escrito, ainda mais quando traduzido. A força deste discurso foi extraordinária, sua autenticidade comovedora e a sua mensagem de união de todos pela liberdade tornou-se um símbolo. Em 1968, a voz de Martin Luther King seria calada pela bala de um assassino, mas o seu exemplo e a sua lição pavimentaram o solo político americano às grandes conquistas dos direitos civis para os cidadãos negros naquele país.


SERGINHO CARDOSO

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